Sinceros

Confusões, esperanças, sonhos, ambições. Todas as divagações que três mentes, distantes no espaço mas não no tempo, podem alimentar serão expostas neste blog. O tudo e o nada servirão de temas para as excentricidades destes loucos!

domingo, setembro 18, 2005

Reticência III

Passo dias e noites pensando nas muitas vidas que poderia ter vivido, nas pessoas que poderia ter conhecido e nos caminhos que poderia ter trilhado.
Já escrevi um dia que nossas vidas são um mosaico dos "SE" que carregamos conosco. Se eu não tivesse bebido aquela noite, se ela tivesse me amado como eu a amei, se tivesse virado a direita ao inves da esquerda...
Nada disso importa muito hoje, ou talvez só isso tenha importancia na vida, pois somos a soma de todas as nossas frustrações, amores mal resolvidos, tombos pelo caminho. Mas tambem somos a gota do orvalho na petala de rosa, o sorriso dela pela manhã, o sussuro do vento em nossos ouvidos nos dizendo o quanto somos afortunados por estarmos vivos.
Tenho alguns principios rigidos demais, sem isso, talves fosse mais feliz. Não suporto traições de nenhum tipo, não sei perdoar, mas tambem não espero perdão, o que é uma vantagem.
Não espero ser perdoado pelos meus erros, que são muitos, mas são os meus erros. Quantos desses eu terei cometido que me levaram a ser o que sou? Que outra vida eu teria hoje se fosse cem por cento correto, sem erros ou hesitações?
Não sei se sou feliz, ou se algum dia o serei. talves me falte a capacidade de amar sem reservas, sem desconfianças, sem desesperos e ciumes vãos...
Tantas vidas poderiam ter sido as minhas. Um astronauta, um médico, até já estive perto de ser um professor.
Mas eu sei, lá no fundo eu sei, que por mais vidas que eu vivesse nada importaria mais do que ter alguem para deitar a cabeça no meu colo e e assim passar horas. Deitar a cabeça em meu colo e chorar de felicidade vendo o por do sol, dormir aninhada em meu colo no frio inverno.
Das minhas vidas não me resta saudade, pois sei que em nenhuma delas teria aquilo que busco insanamente, mas que me é negado incessantemente.
Passo dias e noites pensando nas muitas vidas que poderia ter vivido e o quanto desta que escolhi ou para a qual fui empurrado já não chegou ao seu limite.
Só sei que não vou desistir enquanto não puder sentir novamente o perfume de teus cabelos, como no dia em que, mesmo longe de ti fomos felizes.

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quarta-feira, setembro 07, 2005

Mais um post "Divino"

- Silêncio!!!
- O que esta acontecendo? Quem está gritando desse jeito na casa do senhor?
O padre estarecido via aquele homem, na sua frente, porem não conseguia entender o que aquele maluco vestido com uma toalha de mesa queria ali, logo ali na sua igreja.
Só podia ser mais um doido metido a Jesus Cristo, ou quem sabe dessa vez fosse o próprio Deus Todo-Poderoso que ali estivesse, anunciando o fim dos tempos.
- Silêncio filhos de belzebu, todos os vossos pecados já foram contabilizados e pesados na balança do Senhor. Nenhum de voces estará livre da mão de Deus quando o vosso dia chegar!
- Para tudo ai, ô seu maluco, esta é uma igreja e só quem pode pregar aqui sou eu.
- Eu não estou pregando, nem martelo eu tenho! Estou fazendo o trabalho que aquele incompetente do meu irmão deixou pela metade.
- Que irmão? Outro lunático que nem tu? (cade o sacristão numa hora dessas?)
- Mas que belo padre tu és, ô criatura ignorante. Estivestes te preparando todos estes anos para a volta daquele idiota e agora me perguntas quem ele é.
Nessa altura do dialogo, os desmaios da beatas por todo o lado e o brado indignado dos senhores carecas e gordos enchem a nave da igreja. Um mais exaltado esta tendo um ataque do coração, apesar de não ter entendido a história toda direito.
- Como ousas te comparar a Nosso Senhor Jesus Cristo, criatura blasfema? Os céus bradam a vilaneza deste ato!!!
- O JC era muito besta, só ele mesmo pra carregar aquela cruz enorme, com pelo menos 12 idiotas pra fazer isso por ele. Não é a toa que o véio fica puto com ele todo o dia... Perai, to mudando de assunto:
- Arrependei-vos e o reino dos céus será dado a vós.
- Mas o mundo esta perdido mesmo. Cade a policia que não faz nada? (E aquela besta do sacristão deve estar dormindo, mas é hoje que eu mando ele embora)
- ô barbudo, como ousas vir pregar na minha igreja como se Cristo fosses?
- Primeiro não me chamo barbudo, meu Pai me deu o nome de Cletus Cristo (não me pergunte porque (parece que ele tinha uma queda por um romanozinho lá).
- Segundo, já que meu irmão não resolveu as coisas por aqui, vim ver se eu dava um jeito, já que o velho não pará de falar que esse mundo tá uma bosta.
A multidão de senhoras e senhores circunspectos já começam a ouvir o que o doidinho tinha a dizer. É só falar em bosta que todo mundo pensa que é consigo.
- Terceiro, estou vendo que vim ao lugar errado, pelo jeito ninguem aqui esta muito interessado em salvar a própria alma. Só querem ficar cuidando quem dá a maior doação, quem esta melhor vestido, quanto tempo fulano levou na confissão (quantos pecados).
- Se no lugar que meu irmão esta pendurado naquela cruz r-i-d-i-c-u-l-a ninguem esta interessado nele, imagina se Eu vou perder tempo.
- Isso mesmo maluco, vai dando o fora da minha igreja e arranja um hospício pra azucrinar (o padre já estava vermelho de raiva, com uns tons roxo furia e uma pitada de amarelo vontade-de-esganar).
olhando ao redor, CC via que aquele ali não era, definitivamente, o seu lugar.
- É, acho que me enganei mesmo com o pobre JC, voces não merecem consideração. O Pai que venha dar um jeito em vocês se quiser. Eu vou me embora.
E assim, Cletus Cristo ascende aos céus, envolto em nuvens de anjos que tocam trombetas cujo som mavioso enche a igreja.
Nisso, entra o sacristão pela porta atras do altar, meio estrenhemunhado, falando para o padre:
- Seo padre, tem um loco ali na entrada dizendo que se chama Cletus Cristo e que é parente de Nosso Senhor Jesus Cristo.
- Quieto Blasfemo, como ousa falar assim do filho de Deus.
- Agora irmãos, oremos:
- Cletus Cristo que estais no céu......

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segunda-feira, setembro 05, 2005

Reticência II

Como uma batida surda do meu coração que se ouve à distância, quando sento num canto com as mãos no rosto e deixo as lágrimas virem numa torrente insana, porque os gritos há muito deixaram de conseguir mostrar a dor que se mistura com o cimento do tempo que me sufoca a respiração...

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