Sinceros

Confusões, esperanças, sonhos, ambições. Todas as divagações que três mentes, distantes no espaço mas não no tempo, podem alimentar serão expostas neste blog. O tudo e o nada servirão de temas para as excentricidades destes loucos!

quinta-feira, outubro 15, 2009

Sabe aqueles dias em que nada dá certo? Aqueles dias em que tudo que fazes acaba sendo pior do que poderia imaginar? Aquele dia, dentre todos, em que preisava que tudo fosse perfeito e que por uma bobagem termina como o pior dia da tua vida?
Pois é, todo mundo já passou por isso, pensou ele, então qual o motivo de me sentir tão mal?
Nada, absolutamente nada, deu certo naquele dia e hora especifico. E só era preciso estar na frente do cinema antes do filme começar, dar um grande sorriso quando a visse, comprar a pipoca e realizar o maior sonho de sua vida.
Mas não, não era pra dar certo. Felicidade é uma daquelas coisas que somente poucos eleitos estão autorizados a ter. Não ele, mero mortal atrapalhado e descuidado.
Nunca havia sentido sono num sabado a tarde, então qual o motivo para se deitar em plena tarde? Talvez para estar descansado e bem disposto quando finalmente realizasse o sonho que vinha acalentando nos ultimos 5 anos.
Mas aquele despertador maldito tinha de estragar logo naquele dia?
Ah, tudo estava tão bem, tão certinho!
Ele havia conseguido convence-la a ir ao cinema com ele. Tambem, depois de tudo que ele tinha feito para conseguir aquela oportunidade. Comprar aquele perfuma que ela havia adorado, comprar as rosas brancas para forrar com suas pétalas a caixa de presente onde colocou o perfume, aquela rosa vermelha, destacada sobre o leito de pétalas brancas e o perfume, tudo isso escondido sobre a cadeira do restaurante para fazer uma surpresa.
E ela realmente adorou tudo. Tudo tinha sido perfeito. Ela gostou tanto qe sugeriu o cinema no sabado.
E o maldito despertador não despertou!
Ele só precisa fazer isso, é desenhado, confeccionado e vendido para despertar, e NÃO FUNCIONOU!!!
Maldita sorte.

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quarta-feira, outubro 14, 2009

I

Uma vez fui beijada pela sombra da morte. Nesta ocasião o tempo não bastava em si.
Lembrei-me, então, que  muitas vezes a havia chamado, só não pude recordar os porquês de tanta estupidez. Foi estranho... a morte é na verdade um belo rapaz que estende sua mão e convida com um sorriso. Mas você não há de querer ir.
Senti a obrigação de corresponder, pensando que talvez fosse egoísmo infantil querer, agora, ficar mais um pouco. Um pouco, sabe? Mas ele, implacável, perguntou quão pouco teria que esperar e com certo ar de pena permitiu que escolhesse entre daqui a pouco e alguns meses.
Protestei, o que faço eu em alguns meses? Recolhi-me ao sol e olhei o céu. Ele deixou-se ficar sentado ao meu lado, espiando insistentemente cada movimento dos meus olhos. Depois de algum silêncio contou-me que estava acostumado, que a sua aparição seguiam-se episódios chocantes e que estava cansado de levar as pessoas à força em meio há um cenário de grande confusão. A mim concederia o direito de escolher o momento mais adequado.

- Quero ficar. Para sempre?

Sorriu maliciosamente. Estava tão bonito, os olhos apertados em um sorriso, lendo minha alma.

-Não pode.
-Não posso?
-Não ia querer ficar para sempre, não sabe o que diz.

  Ahhh... Será? Porque sinto que tenho de ficar sempre e sempre? Porque sinto esse peso no peito e essa vontade chorar.

-Chore, então. Você me chamou outras vezes e eu sabia que quando finalmente viesse você, como todos os outros antes, iria chorar. Não me importo, chore o quanto quiser. Poderá, inclusive, chorar depois também.

O céu é realmente tão grande, acho que não havia olhado bem até então. Eu não havia pensado na grandeza do céu e nas suas cores, não havia pensado que um dia ia desejar olhá-lo por mais uma vez e não poderia. Ele sempre esteve lá, quem iria pensar?

-Sabe... disse ele. Sabe? Não demore para decidir. Podemos ir? Tenho tanto o que fazer e estou cansado. Vamos logo de uma vez!! Impacientou-se e gritou a todo pulmão.

Chorei, chorei muito e nervosamente. Ele vai acabar me levando, mas eu não quero. Ah!

-Não quero! Porque grita? Não quero!
-Mas eu não posso deixá-la. Me comovo um pouco, mas não posso deixá-la. Posso acompanhá-la por um tempo, quer? Mas estou muito ocupado, então... o que você gostaria de fazer? Se for tão importante eu te acompanho, mesmo ocupado. Hein?

Que piada de mau gosto! Sou tão nova, tão nova. Quero ver o mar, quero olhar para o mar várias vezes. Ele riu, riu de gargalhar.

-Ãh? Estou ouvindo. É cada desejo besta que eu escuto... e riu mais.
-Para! Deixa eu pensar, você é tão cruel, sabia?

Aproximou-se, encostou seus olhos nos meus e segurou minha mão. Estremeci, é impossível descrever o arrepio que varreu o meu corpo. A respiração, a respiração dele era fria e seu rosto de uma beleza desconcertante. Senti tanto medo. Confesso que senti tanto medo e chorei como uma criança em desespero. Ah, Deus! Não posso!

-Não me leve assim! Não me leve agora... eu não posso. Estou com medo, tanto medo! Me sinto só... tão só.
-Argh! Pare de tremer, sinto nojo com tanta fraqueza. Vocês são tão fracos, mas já vi um pouco mais de dignidade. E, além disso... chegou mais perto ainda, não sou cruel. Esteve aqui até agora, não esteve?

Caí aos seus pés, tentando lembrar minha história, tentado lembrar das pessoas, tentando lembrar das músicas, tentando puxar o ar mais forte possível, tentado me agarrar a qualquer coisa que pudesse lembrar, mas o que consegui foi gritar o grito mais horrível que poderia sair da minha boca. Meus olhos realmente estavam escancarados..., sem que pudesse me mover, ali, caída, ele passou a mão sobre o meu rosto e calmamente fechou meus olhos.

-Eu estou com você. Foi o último sussurro distante que ouvi já no escuro.

(continua...)

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