Sinceros

Confusões, esperanças, sonhos, ambições. Todas as divagações que três mentes, distantes no espaço mas não no tempo, podem alimentar serão expostas neste blog. O tudo e o nada servirão de temas para as excentricidades destes loucos!

domingo, abril 17, 2005

Será?

Noite gélida. Coruscantes relâmpagos no horizonte anunciavam chuvas torrenciais.
Ele apertava em sua mão a ultima carta que recebera. Não tinha vontade de abri-la, já sabia o que estava escrito ali.
Nada mais podia atingi-lo. Um homem que, como ele, já sofrera todas as desilusões possíveis, não tinha direito de esperar mais nada da vida. Mas ele esperava.
Ele baixara a guarda por um momento, só um instante. E ela aproveitou para se esgueirar e tomar conta de todo o seu ser. Prender sua vontade com grilhões dourados, aos quais ele se abandonou sem esboçar reação. Sabia o que tinha acontecido. Estava apaixonado.
Sentira essa sensação pela primeira vez havia 15 anos... Seu ultimo desengano o havia amadurecido para a vida, lhe dera uma visão mais abrangente do mundo.
A dor, seja qual for, nos aguça os sentidos. Joga-nos no abismo da desesperança, mas ao galgarmos as paredes íngremes e escorregadias, chegamos ao topo mais fortes e decididos do que quando caímos.
Mesmo assim, havia decidido nunca mais se deixar enganar por esse sentimento. Nunca mais sofreria por alguém. Nunca!
E mesmo assim, naquela noite ele sofria.
Como isso acontecera, nem ele mesmo queria saber. Em um instante ela havia tomado tudo dele, sua vontade, seu coração, sua mente. Tudo ao seu redor parecia mais vivo, mais colorido.
E no instante seguinte, a frieza, a falta de resposta a suas investidas. Ela lhe havia dado esperança para simplesmente lhe demonstrar que ele não era nada. Absolutamente nada.
Estavam muito longe um do outro... Mas nem o céu seria o limite se ela lhe desse um sinal. As estrelas seriam dispostas em um tiara de brilhantes se ela assim o desejasse.
E no entanto, ela abandonou tudo isso sem dizer porque. Sem explicação. Aquela simples carta nada iria explicar, disso ele tinha certeza.
O vento frio lhe refrescava as faces escaldantes, que uma febre que lhe tomara o corpo tornara em fornalha.
Vento, carta... carta ao vento... ele sorria!!!
Sabia que um dia voltaria a amar, isso ele devia a ela. Agora o sabia e por isso sorria, aquela febre havia descongelado seu coração. Agora ele batia descontroladamente e podia vislumbrar as sombras de um amor futuro.
Um amor sem sobressaltos. E sem dor.

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