Sinceros

Confusões, esperanças, sonhos, ambições. Todas as divagações que três mentes, distantes no espaço mas não no tempo, podem alimentar serão expostas neste blog. O tudo e o nada servirão de temas para as excentricidades destes loucos!

quinta-feira, julho 09, 2009

Prometi que voltaria pra terminar a história que ela começou a me contar com um "Vixi!", mal sabia eu que nesse 'vixi' cabia um tanto e mais um pouco ainda de dor.
Vixi! disse ela:
dia desses me encontrei com aquelas histórias mal resolvidas,
na verdade a história mal resolvida me ligou, com uma desculpa esfarrapada, e eu pra variar só um pouco, na ânsia de tentar resolver anos e anos de desassossego, saí porta afora...
Mas agora diz se você acha que eu resolvi a história mal resolvida e o desassossego,
Que nada!!
Passei o domingo inteiro chorando, chorando de arrependimento, de raiva, de indignação, de irresignação!
Mas tudo bem, a vida continua, caiu! sacode a poeira e segue em frente...nem que seja se arrastando (quando disse isso ela sorriu...risinho irônico)
Mas vamos ao que interessa:
Meu Deus! Ela foi parar no hospital,
com crises de vômito,
e com um temperamento...um temperamento...
de quem queria se apagar...
Nessa altura eu achei que ela estivesse quase que querendo morrer mesmo...
Não, não!
O médico disse assim pra ela:
Você sabia que você está GRÁVIDA?
GRÁVIDA? disse ela.
Os olhos se encheram de lágrimas, num desses rompantes que até parece que o rosto queima, e a garganta se aperta num nó.
Ela respirou fundo, pensou daqui, pensou dali, ponderou com o resto de ponderação que podia ainda haver.
Agarrou o telefone...e ligou pra história mal resolvida pra dizer que
Ela e a história mal resolvida teriam um bebê.
Qual não foi o desespero e espanto dela ao ouvir assim da história mal resolvida:
Tira! Eu não quero filho nenhum, não quero você...muito menos uma criança...
Nesse instante o chão se abriu,
E ela conta que caiu num abismo de escuridão,
Os olhos pararam de enxergar,
E o coração de bater,
E o aturdimento então?
Mal dá pra falar...
Os dias que se seguiram foram só choro, desconsolo e tristeza...
Sabe aquele sentimento de morte que paira no ar quando alguém morre? disse ela.
De que tudo se apaga,
De que tudo é frio, e duro, e penoso...e sombrio.
Eu até hoje me pergunto como ela saiu da cama todas as manhãs,
Desconfio que ela ainda encontre alguma razão pra lutar,
Mesmo a história mal resolvida ligando pra ela quase todos os dias
Infernizando e torturando e tentando convencê-la do quanto aquele bebê
a faria sofrer, fora o aprisionamento...
Ela acha que o problema todo da história mal resolvida é a vergonha,
A vergonha que a história mal resolvida vai passar quando o seu pai souber
Tanto que a história mal resolvida fez ela jurar que nada contaria a ninguém...
Ela anda sozinha, e a história mal resolvida faz questão de frisar: "você está sozinha!"
Ai! O sentimento de rejeição, de indiferença, de abandono...é o que dói mais.
Vou topar com o dedão em paralelepípedo mal ajeitado na rua
Desviar a atenção,
Me esgoelar berrando e chorando que o meu dedão lateja de dor...
Talvez 30 segundos de alívio...
A vida dela é como se fosse um saco,
Que viraram de cabeça pra baixo e sacudiram
Pois, veja você...prossegue ela
Eu tinha um emprego...agora levanto toda manhã para as minhas sessões diárias de tortura
O chefe, não sabe o que faz com ela grávida
E falta com o respeito, e é desumano...sádico e cruel...
Talvez pense que agindo assim ela desista e vá embora
Ele tem sido tão estúpido e covarde...
E não é que essa infâmia de telefone não para de tocar...
Eu que quase morro com a dor dela, fico parada, aqui, na frente do monitor...atônita, perdida
E ela...bem! Ela já viu dias tenebrosos...mas iguais a esses?

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