Sinceros

Confusões, esperanças, sonhos, ambições. Todas as divagações que três mentes, distantes no espaço mas não no tempo, podem alimentar serão expostas neste blog. O tudo e o nada servirão de temas para as excentricidades destes loucos!

quarta-feira, março 01, 2006

VAMOS BOTAR PRA QUEBRAR...EU COMEÇO...

Marília saiu a noite passada. Estava decidida a viver a vida e seria aquela noite. Não sabia bem como iria fazer para pôr em prática a idéia brilhante que tivera minutos antes, mas o certo seria que não passaria daquela noite, precisava se livrar de tanta apatia e insatisfação. Agarrou o telefone num gesto rápido, como se não quisesse ser percebida por ninguém, nem pela sua sombra, nem pela sua consciência. Ligou...do outro lado da linha:
- Alô!
-Oi Leila! Podemos fazer alguma coisa hoje a noite? Sei lá qualquer coisa!
-Ah! Acho que sim, já te ligo de volta pra combinarmos alguma coisa.
Marília saiu correndo, agarrou as primeiras roupas que viu e se enfiou embaixo do chuveiro, saiu do banho, vestiu as roupas e se foi, fechando a porta de casa, com a sua mãe gritando atrás:
-Não volta tarde!
-Tá bom!
Marília era uma dessas meninas que costumava roer as unhas até sangrar, devorava livros, e amava música e sentia saudade de tanta coisa que parecia viver no passado. Naquela noite Marília bebeu alguns goles de uma bebida forte, que descia queimando a garganta, fumou vários cigarros e quando percebeu já não se sentia mais, seus lábios já estavam amortecidos, seus olhos pesavam, e ela já escorava a sua cabeça com a mão e o cotovelo apoiado na mesa. Num repente uma saudade atravessou seu coração, como uma fisgada, como um corte, seus lábios e sangue queimaram. Pediu carona para Eliza:
-Me leva até lá! Preciso desesperadamente ver Tomás!
-Mas onde ele mora?
-Acho que ainda consigo ensinar o caminho.
-É aqui Eliza! Obrigada, tchau!
Marília tocou a campainha com medo de que Tomás não atendesse a porta e já ouvindo a voz dele teve que fechar a boca para que seu coração não saltasse para fora. A porta se abriu e Tomás apareceu lindo como sempre e Marília já tratou de puxá-lo para fora e beijá-lo, beijá-lo, beijá-lo e beijá-lo tanto, até a luz do corredor se apagar, a sua bolsa escorregar pelo ombro e acabar no chão, até percorrerem todas as paredes e até sentir cãibras por ficar nas pontas dos pés para beijar Tomás. ele vendo ela daquele jeito levou-a para dentro de casa, apresentou-a aos seus amigos, mas Marília sentia a boca pastosa demais para tentar ser educada naquela situação. Foi até o quarto, tirou toda a roupa, deitou na cama, cobriu-se com um lençol, abriu toda a janela, porque Marília ama a noite, as estrelas, a lua, as nuvens e o perfume do luar, e ali ficou sentindo as paredes se moverem, o seu estômago doer e um suor perturbador percorrer seu corpo enquanto escutava uma música que dizia: "eu não irei respirar, não irei adormecer, até que você esteja aqui comigo".

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